domingo, 29 de abril de 2012

Primeira parceria do blog

Autora de Angellore - A Divina Conspiração, Gabrielle Venâncio Ruas.

A obra:
Angellore – A Divina Conspiração
Sussurro Noturno – Vol. I
Sinopse:
Olívia Giacomelli é uma investigadora de polícia especializada em complexos casos de assassinato. Competente, ela sempre conseguira resolver com êxito cada um deles, nunca encerrando um crime sem solucioná-lo. No entanto, uma sequência de mortes misteriosas vinha ocorrendo desde 2007 sem que o assassino deixasse rastro. Sophie, uma jovem universitária perseguida por sombras sinistras, tenta superar a ausência da família que morrera num terrível acidente de carro no reveillon de 2008. Em busca por respostas, os caminhos de Sophie e Olívia se cruzam e ambas irão se deparar com uma realidade aterradora. Elas se veem em meio a uma batalha invisível que desde sempre era travada por seres imortais: os Angellores. Agora, elas estão num terreno obscuro e assustador, precisarão se arriscar para descobrir a verdade que mudará suas vidas para sempre.

Trecho:
– Mas afinal, o que são vocês? – perguntei totalmente trêmula.
– Já fomos chamados de muitas coisas – respondeu Yrwin com uma voz plácida e profunda. – Valquírias, numa época em que somente mulheres vinham cumprir missões na Terra. A Morte, na aurora do mundo. Na Idade Média, nos deram o nome de Anjos da Morte, Anjos Negros e Carrascos. Hoje em dia somos conhecidos como Ceifadores da Morte ou Caçadores. Mas nenhuma dessas definições corresponde à nossa verdadeira designação em essência. Deve nos chamar de Angellores, pois foi assim que Deus nos nomeou quando recebemos O Perdão, e é isso o que nos tornamos desde então.

Angellore - Sussurro Noturno é o primeiro volume da saga “A Divina Conspiração”.

A autora:
É mineira de Contagem, e começou a escrever ainda na infância. Começou a elaborar seu primeiro romance, Os Sete Medalhões – A Lenda, aos 12 anos e, após concluí-lo seis anos depois, o lançou de forma independente pela internet. Angellore – A Divina Conspiração é seu primeiro romance publicado. Além de escritora, também é desenhista amadora. Atualmente cursa Bacharelado em Letras e Literatura na Universidade Federal de Minas Gerais e pretende seguir uma carreira sólida na área da Língua Portuguesa e das belas-letras literárias. 

Personagens

Bobo da Corte

       Sua principal função é garantir a diversão aos súditos, porém o Bobo da Corte exerce maior importância no Grão-Império: além de ensinar às crianças o conhecimento preliminar, ele também possui dotes artísticos, que vão desde tocar uma infinidade de instrumentos a bancar o ator dramático. Abusado, não diferindo nobres de plebeus (para sua segurança deve se precaver para não ofender muito os mais poderosos), o Bobo da Corte geralmente não é levado muito a sério, mas carrega em si muita malícia e sabedoria.
       Sua rotina inclui passeios com os meninos plebeus, nos quais toca sua flauta de estimação, que, dizem "nunca desafina". Menestréis mais acurados garantem que ela desafina sim, no que o Bobo contesta categoricamente, afirmando que o que não desafina, de verdade, é a inveja dos menestréis, que mesmo com toda a boa reputação que possuem, não têm na verdade nenhuma fama. E quanto a isso tenho que concordar com ele. Porque, quantas vezes vocês já escutaram a palavra "menestrel"? Acho que nenhuma. E se ouviram, foi em alguma aula chata de História, o que passou despercebido, pois estavam mais interessados em jogar folhas de papel nos colegas, ou dormir. Eu mesmo nunca tinha ouvido falar deles, e se não tivesse escrito, nem acreditaria na existência deles. Já "bobo da corte", todos sabem o que é um. Mesmo que alguns digam que é um palhaço (e se encontrarem um bobo da corte por aí, por favor, não os chamem de palhaços, ou acabarão com o humor deles - e um bobo da corte mal-humorado é a pior coisa do mundo - e vocês podem correr alguns riscos, como bullying vitalício ou morte por cócegas), todos sabem como eles são. Estão nas fábulas. Estão nos filmes medievais. Estão em nossas mentes. E até, tragicamente, podem ser encontrados em circos.
       O Bobo da Corte, apesar de alegre e expansivo, é muito reservado em sua vida privada. Quando não está trabalhando, ele continua sendo bobo. Sua verdadeira identidade, porém, é desconhecida. Portanto, aconselho que não o persigam, pois as consequências de uma invasão a sua privacidade são tão misteriosas quanto ele. Boatos dão conta de que meninos mais afoitos que não se contentaram em ter um bobo pelo tempo habitual foram transformados em fuinhas. Outros garantem que, se a identidade de um bobo da corte for violada, o violador será vítima de maldição instantânea. Os bobos da corte se escondem muito bem depois do expediente; então, alguém só poderá descobrir sua verdadeira face se procurar bastante, portanto desculpas esfarrapadas de que o viram por acidente dificilmente serão levadas em conta na hora do castigo. E, se querem saber, vocês não vão querer vê-los. Dizem que sempre há uma deformidade horrenda nos corpos dos bobos da corte, e, acreditem, depois de vê-los despidos de seu traje, nunca mais acharão graça em coisa alguma na vida. Acho que não vale a pena o risco.
       Descrições mais detalhadas da vida do Bobo da Corte podem colocar minha vida em risco. Deixo, então, que reflitam sobre o que sabem. Contentem-se em desfrutar do Bobo da Corte enquanto estiver a serviço da corte, pois o mistério por trás dessa figura jamais será revelado.

Menino Plebeu

       Menininho discreto, o Menino Plebeu é daquelas crianças que não dão muito trabalho. Quando bebê, mesmo quando bebê, ele nunca esperneava e chorava para obter algo. Mesmo no aconchego apertado do útero materno, ele foi muito comedido. Não causou a impressão de que sua mãe tinha engolido uma melancia (sua barriga quase não se alterou), nem ficava chutando, como muitos mal-educados fazer por aí adentro. Médicos do século XXI afirmariam que, com a falta de uma boa alimentação, ambas as características são derivadas de um quadro de desnutrição severa. Concedo o benefício da dúvida aos médicos, mas nossas mentes criativas sabem que tal afirmação não corresponde à verdade.
       A verdade é que o Menino Plebeu foi sempre muito humilde. Para não chamar muita atenção, ele nem quis crescer tanto. Por isso, muitas vezes sua mãe o perdia de vista, saindo louca atrás dele na Plebe, quando descobria que ele somente calara-se um tempinho e estava, na verdade, sentado numa cadeira quase a sua frente.
       O Menino Plebeu tinha uma vida dificultosa e preguiçosa. Pois as dificuldades eram tantas que ele simplesmente desistia das coisas e ia dormir. Nos fins de semana, porém, ele era um menino mais agitado, quando se alimentava na escola do Bobo da Corte, aprendia umas lições e conhecia partes do Grão-Império. Era um explorador, na alma. Como não tinha forças para explorar, era só mais um garoto desinteressante que morava longe e não merecia nada maior do que já tinha; e o que tinha, a exceção da própria vida, era mesmo nada.
       Mas certo dia ouviu do Bobo da Corte, em previsão, que se tornaria o próprio Grão-Imperador, Mor-rei da Cidadela D’oeste. Desse dia em dia, ele começou a pensar: Por que não?, e passou a acreditar que, na realidade, tudo seria possível, mesmo em sua impossibilidade.

Menina Astuta (Menina Plebeia)

       Companheira de Plebe do Menino Plebeu, mas morando muito mais longe, num casebre que mais parecia uma casinha de bonecas, era a criatura mais pobre da região mais pobre do interior mais pobre do conjunto de plebes que formavam aquela Plebe muito pobre. Em compensação, ela é muito inteligente e muito bonita. Ao passear com o Bobo da Corte, ela sempre ganhara várias coisas. Por pena, por ela ser tão pobrezinha e tão esperta, as pessoas lhe davam várias coisas, em troca (porque na Cidadela D’oeste há uma lei cuja qual não se pode dar nada sem receber outra coisa em troca) da florzinha que estivesse enfeitando seus cabelos. Por pena, por ser tão pobre e tão lindinha, ela conseguia algumas coisas que garantiam sua sobrevivência.
       Apesar de toda a dureza de sua vida, ela mantinha-se sempre de nariz em pé, de queixo erguido, demonstrando veementemente que, embora ainda fosse incapaz, o mundo podia ser seu, pois tinha capacidade para isso. Não recuava diante de desafio nenhum. Ela sabia de tudo, e se não sabe, com certeza vai aprender.

Garoto Amuado

       Nascido na classe social errada, este rapazote vive a chorar. Para não se fazer injustiças, ele só chora quando lhe acontece algo ruim; mas como plebeu, quase tudo em sua vida foi ruim. Então é justo afirmar que ele vive a chorar. Como metade das crianças daquela plebe, ele não sabia quem era seu pai. 
       Dizem que quando ele nasceu, não vendo, como esperava, um pai e uma mãe, tomou um choro que foi ouvido nas quatro cidadelas. Naquele dia, todos os quatro comandantes acordaram com aquele choro. O supremo-governador da Cidadela do Sul foi até a Cidadela D’leste, onde a meio do caminho encontrou-se com o multi-chefia de lá, que estava indo para a Cidadela do Norte tratar da questão. Resolveram ir até lá juntos, quando perto dos portões avistaram o grande-magnânimo, que preparava uma visita ao mor-rei na Cidadela D’oeste. Os três foram até lá, e descobriram que o choro perturbante vinha da plebe dali. Os quatro deram um dia para o bebê se calar, sob pena de enforcamento para a mãe. Não adiantou, então começaram a encher o bebê de luxos, e ele foi tratado como fidalgo até os quatro anos, quando teve um problema nas cordas vocais e região nasofaríngica, e por essa razão teve seu choro diminuído.
        Ao ser enxotado à plebe, a vizinhança ficou sem dormir por dias por causa de seu choro; aquilo, entretanto, não incomodou nenhum comandante. Então, se rasgasse a boca de tanto chorar, o problema era dele e da plebe.
       Não há mais para se falar a seu respeito, porque qualquer coisa pode fazê-lo chorar, e esse coitadinho, que pensa inconscientemente ser fidalgo, não precisa de mais motivos.

Mais em breve...

terça-feira, 17 de abril de 2012

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Inspirações

     Tudo começou pelo fascínio que tenho pelos bobos da corte. Apesar de não ser o personagem principal da história, sem ele eu não teria dado o pontapé inicial. Tudo o que pensei foi o primeiro capítulo. Eu não sabia onde ia parar, e nem tinha criado o menino plebeu. Posso dizer que, a medida que fui escrevendo, os personagens foram reivindicando seu lugar. E quando me deparei com a figura doce e cativante que eu mesmo tinha criado, as coisas começaram a ficar mais claras: título da história, personagem principal e parte do enredo.

      Como fã das histórias de Alice e toda aquela lógica atípica dos personagens, tentei, ao meu estilo, criar um universo incerto para O Menino Plebeu, e creio que minhas expectativas foram atingidas. Depois de ter escrito alguns contos e começado um romance medieval que não me convenceu, eu finalmente tinha escrito algo que me orgulhava. Não sei o que o resto do mundo vai achar do livro, mas sabendo o quanto me custa orgulhar-me de algo, a satisfação em ter feito O Menino Plebeu me deu a certeza de que "este vai chegar em algum lugar". Eu ainda não sei onde vai chegar, mas sinto que evoluí ao terminar o livro, o que me faz visualizar um futuro melhor na minha escrita.

      Espero que gostem. Em breve postarei trechos...